Há 48.500 crianças entre 0 e 6 anos no município, de acordo com o último Censo. Trabalhar com foco em suas necessidades é não só atender uma parcela significativa, de quase 10% da população local. É também evitar gastos sociais maiores e elevar os ganhos para toda a sociedade no futuro. O dinheiro aplicado em cuidados com as crianças volta para a sociedade na forma de economia com programas sociais, taxa de violência menor, nível salarial maior (que se traduz em produção maior de riquezas e mais impostos para manter os programas do governo).
No caso das crianças de Aracaju, os indicadores mostram as seguintes prioridades:
SAÚDE
>> Sete em cada dez mortes de bebês de até 1 anos poderiam ser evitadas com ações mais eficientes de assistência a gestantes e ao recém-nascido, melhores condições de parto, diagnósticos e tratamentos mais precisos ou ações de promoção da saúde.
Uma das formas de fazer cair este índice é aumentar a cobertura das equipes da Estratégia Saúde da Família, hoje presentes para 70% da população. A ampliação dessa política pública pode influir em várias questões ao mesmo tempo: alerta para risco de violência contra crianças, incentivo à matrícula na creche e aleitamento materno, ampliação dos cuidados contra obesidade etc. Além de estendê-la, é fundamental fortalecer as ações de educação permanente para qualificar cada vez mais as equipes.
NUTRIÇÃO
>> Quase 10% dos bebês nascem com menos de 2,5 quilos, o que pode ser sinal de problemas nutricionais durante a gestação ou falhas na assistência durante o pré-natal. A prematuridade e as cesarianas também são um importante vetor do baixo peso ao nascer.
PARENTALIDADE
>> Só 4 em cada 10 mães oferecem leite do peito para os bebês de até 6 meses. Sabemos que não há alimento mais completo para eles – sem contar os vínculos afetivos e o equilíbrio emocional reforçados com a prática. Esta é uma outra questão em que os progrmas de visitas domiciliares e a orientação das equipes de Saúde da Família podem ajudar.
PROTEÇÃO
>> Cerca de 4.500 crianças de menos de 6 anos vivem em famílias pobres ou extremamente pobres que não estão inseridas no Programa Bolsa Família, de acordo com as inscrições do Cadastro Único para Programas Sociais. Este dado realça a necessidade de rever os programas de enfrentamento da pobreza no município, priorizando o atendimento de famílias que tenham crianças de menos de 6 anos.
>> A violência contra crianças de até 4 anos voltou a crescer, atingindo 132 notificações em 2017. Como esse número se refere somente à violência que gerou atendimento médico ou hospitalar, ele é a parte visível de um fenômeno bem maior, de casos que não chegaram a esse extremo. É uma violência que ocorre dentro de casa, uma vez que nesta idade as crianças nem têm autonomia para sair sem os cuidadores.
É crucial, portanto, desenvolver programas de orientação e capacitação das famílias para práticas de parentalidade positiva. É preciso mostrar que violência não educa, apenas traumatiza. Este é outro ponto em que os programas de visitação domiciliar e uma boa cobertura das equipes da Estratégia Saúde da Família podem ajudar.
EDUCAÇÃO
>> Apenas uma em cada 3 crianças até 3 anos está na creche. A proposta do Plano Nacional de Educação (PNE) é garantir a matrícula de 50% das crianças nessa faixa etária até 2024, em nível nacional. O Índice de Necessidade de Creches (INC), metodologia que permite estimar a quantidade de vagas necessárias, tendo em vista a priorização de grupos que mais precisam de atendimento, aponta uma necessidade ainda maior, de 55,9%.
>> Na pré-escola, primeira etapa obrigatória da educação básica, a meta é de atendimento universal, e o município tem hoje 93,8% das crianças de 4 e 5 anos matriculadas. Nenhuma criança pode ser deixada de fora – já foi comprovado que essa etapa é crucial para todas as crianças por oferecer os estímulos essenciais para o desenvolvimento.