Brasília – DF

Quase 230 mil crianças entre 0 e 6 anos vivem em Brasília, de acordo com o último Censo. Trabalhar com foco em suas necessidades é não só atender uma parcela significativa, de quase 10% da população local. É também evitar gastos sociais maiores e elevar os ganhos para toda a sociedade no futuro. O dinheiro aplicado em cuidados com as crianças volta para a sociedade na forma de economia com programas sociais, taxa de violência menor, nível salarial maior (que se traduz em produção maior de riquezas e mais impostos para manter os programas do governo).

No caso das crianças da capital federal, os indicadores mostram as seguintes prioridades:

 

SAÚDE

 

>> Dois terços da mortalidade infantil ocorrem por motivos que poderiam ser evitados com ações mais eficientes de assistência a gestantes e ao recém-nascido, melhores condições de parto, diagnósticos e tratamentos mais precisos ou ações de promoção da saúde.

Uma das principais recomendações para enfrentar esse desafio é aumentar a cobertura do programa Estratégia Saúde da Família, que hoje atende apenas 42% da população. A ampliação dessa política pública pode influir em várias questões ao mesmo tempo: alerta para risco de violência contra crianças, incentivo à matrícula na creche e aleitamento materno, ampliação dos cuidados contra obesidade etc. Além de estendê-la, é fundamental fortalecer as ações de educação permanente para qualificar cada vez mais as equipes.

 

NUTRIÇÃO

 

>> Praticamente um em cada dez bebês nascem com menos de 2,5 quilos, o que pode ser sinal de problemas nutricionais durante a gestação ou falhas na assistência durante o pré-natal. A prematuridade e as cesarianas também são um importante vetor do baixo peso ao nascer.

 

PARENTALIDADE

 

>> O aleitamento materno é um ponto alto, com 71% das mães declarando oferecer o peito aos bebês de até 6 meses. É um índice bem acima da média nacional, de 53%. Sabemos que não há alimento mais completo para eles – sem contar os vínculos afetivos e o equilíbrio emocional reforçados com a prática.

 

 

PROTEÇÃO

 

>> Mais de 15 mil crianças de menos de 6 anos vivem em famílias pobres ou extremamente pobres que não estão inseridas no Programa Bolsa Família, de acordo com as inscrições do Cadastro Único para Programas Sociais. Este dado realça a necessidade de rever os programas de enfrentamento da pobreza no município, priorizando o atendimento de famílias que tenham crianças de menos de 6 anos.

 

>> O número de notificações de violência contra crianças de até 4 anos chegou a cair bem em 2014 e 2015, mas voltou a subir, para 396 casos em 2017. Como esse número se refere somente à violência que gerou atendimento médico ou hospitalar, ele é a parte visível de um fenômeno bem maior, de casos que não chegaram a esse extremo. É uma violência que ocorre dentro de casa, uma vez que nesta idade as crianças nem têm autonomia para sair sem os cuidadores.

 

É crucial, portanto, desenvolver programas de orientação e capacitação das famílias para práticas de parentalidade positiva, mostrando que violência não educa. Este é outro ponto em que os programas de visitação domiciliar e a atuação das equipes de Saúde da Família podem fazer diferença.

 

EDUCAÇÃO

 

>> A taxa de matrícula de crianças em creches é de 26,3%, um dos índices mais baixos do país. A proposta do Plano Nacional de Educação (PNE) é garantir a matrícula de 50% das crianças de 0 a 3 anos até 2024, em nível nacional. De acordo com o Índice de Necessidade de Creches (INC), metodologia que estima a quantidade de vagas necessárias com base na priorização de grupos que mais precisam de atendimento, a necesidade da cidade é de 48,4%.

 

>> Quanto à pré-escola, primeira etapa obrigatória da educação básica, apenas 84% das crianças de 4 e 5 anos estão matriculadas. A universalização desta etapa do ensino é crucial para todas as crianças por oferecer a elas os estímulos essenciais para o desenvolvimento.

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