Curitiba – PR

A cidade tem quase 130 mil crianças entre 0 e 6 anos, de acordo com o último Censo. Trabalhar com foco em suas necessidades é não só atender uma parcela significativa, de 8% da população local. É também evitar gastos sociais maiores e elevar os ganhos para toda a sociedade no futuro. O dinheiro aplicado em cuidados com as crianças volta para a sociedade na forma de economia com programas sociais, taxa de violência menor, nível salarial maior (que se traduz em produção maior de riquezas e mais impostos para manter os programas do governo).

No caso das crianças da capital paranaense, os indicadores mostram as seguintes prioridades:

 

SAÚDE

 

>> Quase 6 em cada 10 mortes de bebês de até 1 ano poderiam ser evitadas com ações mais eficientes de assistência a gestantes e ao recém-nascido, melhores condições de parto, diagnósticos e tratamentos mais precisos ou ações de promoção da saúde.

 

Uma das ações para reverter esse quadro pode ser o aumento da cobertura das Equipes da Estratégia Saúde da Família, que hoje atingem 55% da população do município. A ampliação dessa política pública pode influir em várias questões ao mesmo tempo: alerta para risco de violência contra crianças, incentivo à matrícula na creche e aleitamento materno, ampliação dos cuidados contra obesidade etc. Além de estendê-la, é fundamental fortalecer as ações de educação permanente para qualificar cada vez mais as equipes.

 

NUTRIÇÃO

 

>> O índice de crianças que nascem com menos de 2,5 quilos, quase 9%, aponta para problemas nutricionais durante a gestação ou falhas na assistência durante o pré-natal. A prematuridade e as cesarianas também são um importante vetor do baixo peso ao nascer.

 

>> Até os 5 anos, 3,5% das crianças estão abaixo do peso esperado. E 6,4% estão acima.

 

É preciso estabelecer políticas específicas para melhorar a nutrição, que podem ser implementadas através da Estratégia Saúde da Família, por exemplo, e com mais atenção à qualidade da alimentação nas creches e pré-escolas.

 

PARENTALIDADE

 

>> Nove em cada dez gestantes curitibanas fazem mais de sete consultas pré-natal. Esse é um ponto que merece destaque. O ideal é que cada vez mais mulheres sejam bem acompanhadas durante a gentação, uma vez que um bom pré-natal pode ajudar a diminuir a mortalidade por causas evitáveis, por exemplo.

 

>> Não há dados específicos sobre aleitamento para o município. Mas, a considerar a média do estado, de 58% de oferta do peito aos bebês de até 6 meses, esta é uma outra questão em que a orientação das equipes da Estratégia Saúde da Família e os programas de visitação domiciliar podem ajudar. Sabemos que não há alimento tão completo quanto o leite materno para um bebê – sem contar os vínculos afetivos e o equilíbrio emocional reforçados com a prática.

 

PROTEÇÃO

 

>> As notificações de violência contra crianças com menos de 4 anos estão em alta – mais de 10% ao ano, por dois anos seguidos. Como esses números se referem somente à violência que gerou atendimento médico ou hospitalar, eles são apenas a parte visível de um fenômeno bem maior, de casos que não chegaram a esse extremo. Uma vez que nesta idade as crianças não têm muita autonomia para sair sozinhas, é em casa que esta violência acontece, na imensa maioria das vezes.

 

É crucial, portanto, desenvolver programas de orientação e capacitação das famílias para práticas de parentalidade positiva, mostrando que violência não educa. Este é outro ponto em que os programas de visitação domiciliar e uma boa cobertura das equipes da Estratégia Saúde da Família podem ajudar.

 

>> Quase 18 mil crianças no município vivem em famílias em situação de pobreza e estão fora do Bolsa Família. Este dado realça a necessidade de rever os programas de enfrentamento da pobreza no município, priorizando o atendimento de famílias que tenham crianças de menos de 6 anos.

 

EDUCAÇÃO

 

>> Hoje, 46% das crianças de 0 a 3 anos está matriculada em creches. Sabemos que a socialização e atenção que as crianças podem receber ali é um ponto importante no desenvolvimento pleno dos indivíduos. A meta proposta pelo Plano Nacional de Educação (PNE) é de 50% de crianças atendidas até 2024, em nível nacional. Em Curitiba, o Índice de Necessidade de Creches (INC), metodologia que permite estimar a quantidade de vagas necessárias, tendo em vista a priorização de grupos que mais precisam de atendimento, aponta uma necessidade de 48,7%.

 

>> O município está próximo da universalização da pré-escola, primeira etapa obrigatória da educação básica, com 96,5% das crianças de 4 e 5 anos matriculadas. Já foi comprovado que ela é crucial para todas as crianças por oferecer os estímulos essenciais para o desenvolvimento.

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