Florianópolis – SC

A cidade tem mais de 27 mil crianças entre 0 e 6 anos, de acordo com o último Censo. Trabalhar com foco em suas necessidades é não só atender uma parcela significativa, de 7,4% da população local. É também evitar gastos sociais maiores e elevar os ganhos para toda a sociedade no futuro. O dinheiro aplicado em cuidados com as crianças volta para a sociedade na forma de economia com programas sociais, taxa de violência menor, nível salarial maior (que se traduz em produção maior de riquezas e mais impostos para manter os programas do governo).

No caso das crianças do município de Florianópolis, os indicadores mostram as seguintes prioridades:

 

SAÚDE

 

>> O índice de mortalidade infantil por causas evitáveis subiu quase 10 pontos percentuais de um ano para outro, chegando a 69,4%. Quer dizer que, de cada 100 crianças que morrem, 69 poderiam ter sobrevivido com ações mais eficientes de assistência a gestantes e ao recém-nascido, melhores condições de parto, diagnósticos e tratamentos mais precisos ou ações de promoção da saúde.

 

>> O percentual de mães adolescentes está em queda, tendo chegado a 7,7%, menos da metade da taxa média do país.

 

As equipes da Estratégia Saúde da Família atendem 90% da população. É fundamental fortalecer as ações de educação permanente para qualificar cada vez mais as equipes, já que essa política pública pode influir em várias questões ao mesmo tempo: alerta para risco de violência contra crianças, incentivo à matrícula na creche e aleitamento materno, ampliação dos cuidados contra obesidade etc.

 

NUTRIÇÃO

 

>> O índice de crianças que nascem com menos de 2,5 quilos, 7,5%, aponta para problemas nutricionais durante a gestação ou falhas na assistência durante o pré-natal. A prematuridade e as cesarianas também são um importante vetor do baixo peso ao nascer.

 

>> Para as crianças um pouco maiores, a questão mais notável é a obesidade: 6,3% têm peso acima do desejável.

 

Este problema requer políticas específicas, que podem ser implementadas através da Estratégia Saúde da Família, por exempl, e com mais atenção à qualidade da nutrição nas creches e pré-escolas.

 

PARENTALIDADE

 

>> Outro ponto em que as equipes da Estratégia Saúde da Família podem atuar é no incentivo às consultas pré-natal. O índice de gestantes que comparecem a mais de sete consultas subiu de 70% para 77% na última década. O ideal é que cada vez mais mulheres sejam bem acompanhadas durante a gravidez – o que por sua vez pode reduzir o número de bebês nascidos abaixo do peso, além das mortes evitáveis.

 

PROTEÇÃO

 

>> Mais de 5 mil crianças no município vivem em famílias em situação de pobreza e estão fora do Bolsa Família. Este dado realça a necessidade de rever os programas de enfrentamento da pobreza no município, priorizando o atendimento de famílias que tenham crianças de menos de 6 anos.

 

>> Um grande desafio a ser enfrentado é a crescente violência contra crianças de menos de 4 anos. Ela passou de 89 casos em 2010 para 256, em 2017. Como esses números se referem somente à violência que gerou atendimento médico ou hospitalar, eles são apenas a parte visível de um fenômeno bem maior, de casos que não chegaram a esse extremo. Uma vez que nesta idade as crianças não têm muita autonomia para sair sozinhas, é em casa que esta violência acontece, na imensa maioria das vezes.

 

É crucial, portanto, desenvolver programas de orientação e capacitação das famílias para práticas de parentalidade positiva, mostrando que violência não educa. Este é outro ponto em que os programas de visitação domiciliar e uma boa cobertura das equipes da Estratégia Saúde da Família podem ajudar.

 

EDUCAÇÃO

 

>> Com 55,7% das crianças na faixa etária de 0 a 3 anos matriculadas em creches, o município ultrapassou  a meta de 50% de atendimento proposta pelo Plano Nacional de Educação (PNE) até 2024, em nível nacional, e também a estimativa do Índice de Necessidade de Creches (INC), metodologia que permite estimar a quantidade de vagas necessárias, tendo em vista a priorização de grupos que mais precisam de atendimento – ele aponta uma necessidade de 53,1% no município.

 

>> A meta de universalização da pré-escola, primeira etapa obrigatória da educação básica, está próxima de ser cumprida, com 95,3% de crianças de 4 e 5 anos matriculadas. Mas nenhuma criança pode ser deixada de fora. Já foi comprovado que a pré-escola é crucial para todas as crianças por oferecer os estímulos essenciais para o desenvolvimento.

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