Maceió – AL

A cidade tem 86 mil crianças entre 0 e 6 anos, de acordo com o último Censo. Trabalhar com foco em suas necessidades é não só atender uma parcela significativa, de 10% da população local. É também evitar gastos sociais maiores e elevar os ganhos para toda a sociedade no futuro. O dinheiro aplicado em cuidados com as crianças volta para a sociedade na forma de economia com programas sociais, taxa de violência menor, nível salarial maior (que se traduz em produção maior de riquezas e mais impostos para manter os programas do governo).

No caso das crianças do município de Maceió, os indicadores mostram as seguintes prioridades:

 

SAÚDE

 

>> Um em cada cinco bebês tem uma mãe com menos de 19 anos. É a capital com o maior índice de mães adolescentes do país. Taxas até bem maiores que essa eram comuns no início do milênio, mas elas caíram em quase todo o território nacional. Em Maceió, caíram pouco, cerca de 5 pontos percentuais.

 

Nascimentos não planejados têm um forte impacto negativo, por interromperem planos, às vezes estudos, forçarem situações sociais menos estáveis. Na média, contribuem para perpetuar a pobreza. E a maternidade precoce no município ocorre praticamente só entre as etnias preta e parda (que compõem 62% da população da cidade).

 

>> Três em cada quatro mortes de bebês com menos de 1 ano acontecem por causas evitáveis. Ou seja, poderiam ser evitadas com ações mais eficientes de assistência a gestantes e ao recém-nascido, melhores condições de parto, diagnósticos e tratamentos mais precisos ou ações de promoção da saúde.

 

Uma das ações mais eficazes para solucionar esse desafio é o aumento da cobertura da Estratégia Saúde da Família, que hoje atinge pouco mais de um quarto da população. É recomendável a ampliação dessa política pública, já que ela pode influir em várias questões ao mesmo tempo: alerta para risco de violência contra crianças, incentivo à matrícula na creche e aleitamento materno, ampliação dos cuidados contra obesidade etc. Além de estendê-la, é fundamental fortalecer as ações de educação permanente para qualificar cada vez mais as equipes.

 

NUTRIÇÃO

 

>> Quase 8% dos bebês nascem com menos de 2,5 quilos, o que pode ser sinal de problemas nutricionais durante a gestação ou falhas na assistência durante o pré-natal. A prematuridade e as cesarianas também são um importante vetor do baixo peso ao nascer.

 

PARENTALIDADE

 

>> Pouco mais da metade das gestantes realizam sete ou mais consultas pré-natal. É um índice muito abaixo da média nacional, de 70%. É recomendável que as gestantes tivessem esse nível de atendimento, que pode ajudar muito no controle da mortalidade infantil por causas evitáveis, por exemplo.

 

PROTEÇÃO

 

>> Quase 8 mil crianças de menos de 6 anos vivem em famílias pobres ou extremamente pobres que não estão inseridas no Programa Bolsa Família, de acordo com as inscrições do Cadastro Único para Programas Sociais. Este dado realça a necessidade de rever os programas de enfrentamento da pobreza no município, priorizando o atendimento de famílias que tenham crianças de menos de 6 anos.

 

>> A violência contra crianças de até 4 anos havia caído, mas o índice de notificações dobrou em 2017. Como só são contabilizados os casos que geraram atendimento médico ou hospitalar, este índice é a parte visível de um fenômeno bem maior, de situações que não chegaram a esse extremo. Uma vez que nesta idade as crianças não têm muita autonomia para sair sozinhas, é em casa que esta violência acontece, na imensa maioria das vezes.

 

É crucial, portanto, desenvolver programas de orientação e capacitação das famílias para práticas de parentalidade positiva. É preciso mostrar que violência não educa, apenas traumatiza. Este é outro ponto em que os programas de visitação domiciliar e uma boa cobertura das equipes da Estratégia Saúde da Família podem ajudar.

 

EDUCAÇÃO

 

>> Com 30,6% de atendimento às crianças de até 3 anos, a oferta de creches está muito abaixo da meta proposta pelo Plano Nacional de Educação (PNE), de 50% até 2024, em nível nacional. E mais distante ainda da real necessidade do município, de 59%, de acordo com o Índice de Necessidade de Creches (INC) , metodologia que permite estimar a quantidade de vagas necessárias, tendo em vista a priorização de grupos que mais precisam de atendimento.

 

>> A taxa de matrículas na pré-escola também precisa melhorar. Hoje o município atende 90,2%das crianças de 4 e 5 anos.  É preciso lembrar que esta é a primeira etapa obrigatória da educação básica. E não à toa: ela é crucial para todas as crianças por oferecer os estímulos essenciais para o desenvolvimento.

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