Recife – PE

A cidade tem quase 120 mil crianças entre 0 e 6 anos, de acordo com o último censo. Trabalhar com foco em suas necessidades é não só atender uma parcela significativa, de 8% da população local. É também evitar gastos sociais maiores e elevar os ganhos para toda a sociedade no futuro. O dinheiro aplicado em cuidados com as crianças volta para a sociedade na forma de economia com programas sociais, taxa de violência menor, nível salarial maior (que se traduz em produção maior de riquezas e mais impostos para manter os programas do governo).

No caso das crianças do município, os indicadores mostram as seguintes prioridades:

 

SAÚDE

 

>> Um dos sintomas da desigualdade na capital pernambucana é que 84% das mães adolescentes estão nas áreas mais pobres e são das etnias preta e parda (que representam 57% da população).

 

Em geral, a maternidade precoce leva a arranjos familiares menos estáveis, interrupção de planos da mãe e, consequentemente, dificulta sair da pobreza.

 

>> Entre as mortes de bebês com menos de 1 ano, 73% (quase 3 de cada 4) acontecem por causas evitáveis. Ou seja, ações mais eficientes de assistência a gestantes e ao recém-nascido, melhores condições de parto, diagnósticos e tratamentos mais precisos poderiam salvar muitas vidas por ano.

Uma das ações recomendadas para enfrentar esse problema é o aumento da cobertura da Estratégia Saúde da Família, que hoje atinge pouco mais da metade da população. A ampliação dessa política pública pode influir em várias questões ao mesmo tempo: alerta para risco de violência contra crianças, incentivo à matrícula na creche e aleitamento materno, ampliação dos cuidados contra obesidade etc. Além de estendê-la, é fundamental fortalecer as ações de educação permanente para qualificar cada vez mais as equipes.

 

NUTRIÇÃO

 

>> Mais de 14% das crianças até 5 anos estão com peso elevado, quase o dobro da média do país. É importante dar orientações aos pais sobre alimentação, com auxílio das visitas domiciliares e das equipes de Saúde da Família. Além disso, é preciso atentar para a alimentação oferecida nas creches e pré-escolas.

 

PARENTALIDADE

 

> Duas em cada três gestantes já realizam sete ou mais consultas pré-natal. É um índice ainda abaixo a média nacional, de 70%. O recomendável é que cada vez mais gestantes tivessem esse nível de atendimento, que pode ajudar muito no controle da mortalidade infantil por causas evitáveis, por exemplo.

 

PROTEÇÃO

 

>> Mais de 11 mil crianças de menos de 6 anos vivem em famílias pobres ou extremamente pobres que não estão inseridas no Programa Bolsa Família, de acordo com as inscrições Cadastro Único para Programas Sociais. Este dado realça a necessidade de rever os programas de enfrentamento da pobreza no município, priorizando o atendimento de famílias que tenham crianças de menos de 6 anos.

 

>> A violência contra crianças de até 4 anos deu um salto em 2017, chegando ao recorde de 911 notificações. Como só são contabilizados os casos que geraram atendimento médico ou hospitalar, este índice é a parte visível de um fenômeno bem maior, de situações que não chegaram a esse extremo. Uma vez que nesta idade as crianças não têm muita autonomia para sair, é em casa que esta violência acontece, na imensa maioria das vezes.

 

É crucial, portanto, desenvolver programas de orientação e capacitação das famílias para práticas de parentalidade positiva, mostrar que violência não educa. Este é outro ponto em que os programas de visitação domiciliar e uma boa cobertura das equipes da Estratégia Saúde da Família podem ajudar.

 

EDUCAÇÃO

 

>> Hoje, 40,3% das crianças de 0 a 3 anos é atendida por uma creche. A meta proposta pelo Plano Nacional de Educação (PNE) é de 50% de atendimento até 2024, em nível nacional. De acordo com o Índice de Necessidade de Creches (INC) , metodologia que permite estimar a quantidade de vagas necessárias, o município tem uma necessidade de 57%.

 

>> O atendimento na pré-escola está se encaminhando para a universalização – com 96,5% das crianças de 4 e 5 anos atendidas. Mas nenhuma criança pode ser deixada de fora. Não é à toa que esta é a primeira etapa obrigatória da educação básica – já foi comprovado que ela é crucial para todas as crianças por oferecer o estímulo de brincadeiras essenciais para o desenvolvimento e nutrição adequada.

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