Rio Branco – AC

Quase 12% da população do município está na primeira infância, com idades entre 0 e 6 anos. Eram, na época do último Censo, quase 37 mil crianças. Trabalhar com foco em suas necessidades é não só atender uma parcela significativa dos cidadãos, mas também evitar gastos sociais maiores e elevar os ganhos para toda a sociedade no futuro. O dinheiro aplicado em cuidados com as crianças volta para a sociedade na forma de economia com programas sociais, taxa de violência menor, nível salarial maior (que se traduz em produção maior de riquezas e mais impostos para manter os programas do governo).

No caso das crianças de Rio Branco, os indicadores mostram as seguintes prioridades:

 

 

SAÚDE

 

>> Seis de cada dez mortes de bebês até um ano de idade poderiam ser evitadas com ações mais eficientes de assistência a gestantes e ao recém-nascido, melhores condições de parto, diagnósticos e tratamentos mais precisos ou ações de promoção da saúde.

 

E uma das frentes de combate a esse problema é pelo aumento da cobertura das equipes da Estratégia Saúde da Família, que hoje atendem apenas um terço da população. A ampliação dessa política pública pode influir em várias questões ao mesmo tempo: alerta para risco de violência contra crianças, incentivo à matrícula na creche e aleitamento materno, ampliação dos cuidados contra obesidade etc. Além de estendê-la, é fundamental fortalecer as ações de educação permanente para qualificar cada vez mais as equipes.

 

 

NUTRIÇÃO

 

>> Mais de 8% dos bebês nascem com menos de 2,5 quilos, o que pode ser sinal de problemas nutricionais durante a gestação ou falhas na assistência durante o pré-natal. A prematuridade e as cesarianas também são um importante vetor do baixo peso ao nascer.

>> Uma em cada cinco crianças até 5 anos tem estatura baixa ou muito baixa para a idade, outro sinal de problemas de nutrição.

 

Cabe, portanto, um olhar atento das equipes da Estratégia Saúde da Família e dos programas de visitação domiciliar. Cabe também uma atenção redobrada à qualidade da alimentação servida nas creches e pré-escolas.

 

PARENTALIDADE

 

>> Só 29% das mães declaram amamentar seus filhos de até 6 meses. Esta é outra questão em que os porgramas de visitação domiciliar e a orientação das equipes da Estratégia Saúde da Família podem ajudar. Sabemos que não há alimento tão completo quanto o leite materno para um bebê – sem contar os vínculos afetivos e o equilíbrio emocional reforçados com a prática.

 

PROTEÇÃO

 

>> Quase 4 mil crianças de menos de 6 anos pertencem a famílias pobres ou extremamente pobres não beneficiadas pelo Programa Bolsa Família, de acordo com as inscrições do Cadastro Único para Programas Sociais. Este dado realça a necessidade de rever os programas de enfrentamento da pobreza no município, priorizando o atendimento de famílias que tenham crianças de menos de 6 anos.

 

>> As notificações de violência contra crianças de até 4 anos caíram alguns anos atrás, mas voltaram a subir em 2017, para 18 casos. É importante lembrar que este número se refere à violência que gerou atendimento médico ou hospitalar. Por trás dele, há um fenômeno bem maior, de casos que não chegaram a esse extremo. É uma violência que ocorre dentro de casa, uma vez que nesta idade as crianças nem têm autonomia para sair sem os cuidadores.

 

É crucial, portanto, desenvolver programas de orientação e capacitação das famílias para práticas de parentalidade positiva. mostrando que violência não educa. Este é outro ponto em que os programas de visitação domiciliar e uma boa cobertura das equipes da Estratégia Saúde da Família podem ajudar.

 

EDUCAÇÃO

 

>> Apenas um quarto das crianças até 3 anos têm acesso à creche. De acordo com o Índice de Necessidade de Creches (INC), metodologia que permite estimar a quantidade de vagas necessárias, tendo em vista a priorização de grupos que mais precisam de atendimento, seria preciso atender 52,2% da população nessa faixa etária, até um pouco acima da meta do Plano Nacional de Educação (PNE), que é chegar a 50% de atendimento até 2024, em nível nacional.

 

>> Falta oferecer vagas na pré-escola a 15% das crianças de 4 e 5 anos. Esta é a primeira etapa obrigatória da educação básica, e não à toa. Ela é crucial para todas as crianças por oferecer os estímulos essenciais para o desenvolvimento.

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