Teresina – PI

Mais de 70 mil crianças entre 0 e 6 anos vivem no município, de acordo com o último censo. Trabalhar com foco em suas necessidades é não só atender uma parcela significativa, de quase 10% da população local. É também evitar gastos sociais maiores e elevar os ganhos para toda a sociedade no futuro. O dinheiro aplicado em cuidados com as crianças volta para a sociedade na forma de economia com programas sociais, taxa de violência menor, nível salarial maior (que se traduz em produção maior de riquezas e mais impostos para manter os programas do governo).

No caso das crianças do município, os indicadores mostram as seguintes prioridades:

 

SAÚDE

 

>> Sete em cada dez mortes no nascimento se devem a causas evitáveis – aquelas que poderiam ser reduzidas com ações mais eficientes de assistência a gestantes e ao recém-nascido, melhores condições de parto, diagnósticos e tratamentos mais precisos. É um dos índices mais altos entre as capitais do país.

E isso ocorre mesmo com a cobertura de 100% do município pela Estratégia Saúde da Familia – sinal de que se deve trabalhar a eficiência dessas equipes, investindo em melhores condições de trabalho e mais capacitação.

 

NUTRIÇÃO

 

>> Cerca de 9% dos bebês nascem com menos de 2,5 quilos, o que pode ser sinal de problemas nutricionais durante a gestação ou falhas na assistência durante o pré-natal. A prematuridade e as cesarianas também são um importante vetor do baixo peso ao nascer.

 

>> Para as crianças de até 5 anos, 3% estão abaixo do peso recomendado, 5,6% estão acima.

 

A conclusão em todos esses os casos é que se deve investir em orientações sobre alimentação, com auxílio das visitas domiciliares e das equipes de Saúde da Família. Além disso, é preciso atentar para a alimentação oferecida nas creches e pré-escolas.

 

PARENTALIDADE

 

>> Duas em cada três gestantes já realizam sete ou mais consultas pré-natal. É um índice ainda abaixo a média nacional, de 70%. O recomendável é que cada vez mais gestantes tivessem esse nível de atendimento, uma vez que ele pode ajudar muito no controle da mortalidade infantil por causas evitáveis.

 

PROTEÇÃO

 

>> Mais de 7 mil crianças de menos de 6 anos vivem em famílias pobres ou extremamente pobres que não estão inseridas no Programa Bolsa Família, de acordo com as inscrições Cadastro Único para Programas Sociais. Este dado realça a necessidade de rever os programas de enfrentamento da pobreza no município, priorizando o atendimento de famílias que tenham crianças de menos de 6 anos.

 

>> A violência contra crianças de até 4 anos vem subindo ano a ano. Como só são contabilizados os casos que geraram atendimento médico ou hospitalar, este índice é a parte visível de um fenômeno bem maior, de situações que não chegaram a esse extremo. Uma vez que nesta idade as crianças não têm muita autonomia para sair, é em casa que esta violência acontece, na imensa maioria das vezes.

 

É crucial, portanto, desenvolver programas de orientação e capacitação das famílias para práticas de parentalidade positiva. É preciso mostrar que violência não educa, apenas traumatiza. Este é outro ponto em que os programas de visitação domiciliar e uma boa cobertura das equipes da Estratégia Saúde da Família podem ajudar.

 

EDUCAÇÃO

 

>> As creches atendem um quarto das crianças até 3 anos de idade. O Índice de Necessidade de Creches (INC), metodologia que permite estimar a quantidade de vagas necessárias com base na priorização dos grupos que mais precisam delas, aponta uma necessidade de 38,4%. A meta proposta pelo Plano Nacional de Educação (PNE) é garantir o atendimento de 50% das crianças até 2024, em nível nacional.

 

>> A taxa de matrículas na pré-escola está em 97,9%, fata pouco para a meta de universalização. É comprovado que ela é crucial para todas as crianças por oferecer o estímulo de brincadeiras essenciais para o desenvolvimento e nutrição adequada.

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