Vitória – ES

Há 23.500 crianças entre 0 e 6 anos no município, de acordo com o último Censo. Trabalhar com foco em suas necessidades é não só atender uma parcela significativa, de 8% da população local. É também evitar gastos sociais maiores e elevar os ganhos para toda a sociedade no futuro. O dinheiro aplicado em cuidados com as crianças volta para a sociedade na forma de economia com programas sociais, taxa de violência menor, nível salarial maior (que se traduz em produção maior de riquezas e mais impostos para manter os programas do governo).

No caso das crianças do município de Vitória, os indicadores mostram as seguintes prioridades:

 

SAÚDE

> A taxa de mortalidade infantil por causas evitáveis, 62%, está abaixo da média nacional, de 66%. Mas este é um número altíssimo: significa que 62 em cada 100 mortes de bebês poderiam ser evitadas com ações mais eficientes de assistência a gestantes e ao recém-nascido, melhores condições de parto, diagnósticos e tratamentos mais precisos ou ações de promoção da saúde.

 

Uma das ações possíveis é investir nas equipes da Estratégia Saúde da Família. Como a cobertura já chega a quase 80% da população, é preciso, além de ampliar o alcance do programa, também focar numa melhor qualidade do atendimento, já que ele pode influir em várias questões ao mesmo tempo: alerta para risco de violência contra crianças, incentivo à matrícula na creche e aleitamento materno, ampliação dos cuidados contra obesidade etc.

 

>> O índice de mães adolescentes caiu quase à metade desde a virada do milênio, para 10,5%. Mas esta é uma situação que reflete a desigualdade social: as etnias preta e parda, que compõem metade da população do município e vivem nas áreas mais pobres, concentram 85% dos casos de mães com 19 anos ou menos.

 

NUTRIÇÃO

 

>> Quase 10% dos bebês nascem com menos de 2,5 quilos, o que revela, na maioria das vezes, comprometimento nutricional durante a gestação ou falhas na assistência durante o pré-natal. A prematuridade e as cesarianas também são um importante vetor do baixo peso ao nascer.

 

PARENTALIDADE

 

>> Não há dados específicos sobre aleitamento para a cidade, mas a média do estado, 54% de mães que declaram ter amamentado seus bebês até 6 meses, permite intuir a necessidade de mais orientação às famílias. Sabemos que não há alimento tão completo para os bebês – sem contar os vínculos afetivos e o equilíbrio emocional reforçados com a prática. Esta é outra frente em que a orientação das equipes da Estratégia Saúde da Família e os programas de visitação domiciliar podem ajudar.

 

PROTEÇÃO

 

>> Quase 4 mil crianças de menos de 6 anos vivem em famílias pobres ou extremamente pobres que não estão inseridas no Programa Bolsa Família, de acordo com as inscrições do Cadastro Único para Programas Sociais. Este dado realça a necessidade de rever os programas de enfrentamento da pobreza no município, priorizando o atendimento de famílias que tenham crianças de menos de 6 anos.

 

>> Outro dado que chama a atenção é a violência contra crianças de até 4 anos. Este indicador teve uma queda de 2016 para 2017, mas continua num nível preocupante, com 169 atendimentos. Como esses números se referem somente à violência que gerou atendimento médico ou hospitalar, eles são a parte visível de um fenômeno bem maior, de casos que não chegaram a esse extremo. Uma vez que nesta idade as crianças não têm muita autonomia para sair sozinhas, é em casa que esta violência acontece, na imensa maioria das vezes.

 

É crucial, portanto, desenvolver programas de orientação e capacitação das famílias para práticas de parentalidade positiva, mostrando que violência não educa. Este é outro ponto em que os programas de visitação domiciliar e uma boa cobertura das equipes da Estratégia Saúde da Família podem ajudar.

 

EDUCAÇÃO

 

>> A oferta de creches já cumpriu a meta proposta pelo Plano Nacional de Educação (PNE), de 50% até 2024, em nível nacional. No município, 60,2% das crianças de 0 a 3 anos estão matriculadas. O Índice de Necessidade de Creche (INC), metodologia que permite estimar a quantidade de vagas necessárias, tendo em vista a priorização de grupos que mais precisam de atendimento, aponta uma necessidade de 56,9%.

 

>> As matrículas na pré-escola, primeira etapa obrigatória da educação básica, estão perto da universalização – 96,3% das crianças de 4 e 5 anos têm acesso. São índices bons para o país – mas sempre podem melhorar, em quantidade e, claro, qualidade. Já foi comprovado que essa etapa da educação é crucial para todas as crianças por oferecer os estímulos essenciais para o desenvolvimento.

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